quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Crise No Oriente Médio

Suas econômias se esgotaram e os comerciantes logistas também perderamo crédito: Mohamed Bachir faz parte desses 50% de habitantes de gaza que só sobrevivem graças ao auxílio-desemprego da autoridade palestina.
Ao término de dois meses de bloqueio por parte do exército israelense, o desemprego subiu de 18% para 25% na faixa de gaza, segundo a Federação Geral de Sindicatos da Palestina (PGFTU, sigla inglesa)

A ONU (Organização das Nações Unidas), por sua parte, eleva o percentual a 50%.

No total, 120 mil palestinos da faixa de Gaza estão em paralisação forçada porque não podem ir trabalhar em Israel, mas também devido ao fechamento das fábricas locais, por falta de matérias primas e de vendas.A isso se somam há cerca de duas semanas milhares de pessoas incapazes de comparecer a seus locais de trabalho desde que o exército obstruiu a estrada que liga o norte e o sul da saixa de Gaza, depois de um atentado contra um ônibus de colonos judeus.Na cozinha da família Bachir, no fundo de um modesto apartamento de dois quartos, há tempo de sobra para calcular como chegar ao fim do mês.
"Comemos carne uma vez por semana, fazemos nós mesmos o pão e cozinhamos de dois em dois dias para economizar gás", explica Mohamed, 32 anos, que não pagou sua conta de luz e compra seus cigarros por unidade.Em novembro, esse pai de seis filhos conseguiu que sua família sobrevivesse com 500 shekels (US$ 125), emprestados por um irmão funcionário. Muito menos que os 2.500 que ganhava com seu trabalho de operário agrícola em um kibutz _fazenda coletiva de sucesso em Israel_ . "Depois das compras do Ramadã, não temos dinheiro para nada mais", disse Mohamed.Neste bairro de Gaza, os homens se reúnem nas ruas para tentar matar o tempo. "Somos os primeiros a sofrer com esta Intifada (revolta popular palestina contra a ocupação israelense, ocorrida entre 1987 e 1993), mas vale a pena, porque é preciso encontrar uma solução", disse Mohamed. "Se pudesse trabalhar aqui, faria isso. Em Israel, somos tratados como miseráveis". Assim como os outros 24 mil palestinos de Gaza empregados legalmente em Israel, Mohamed receberá este sábado do Ministério do Trabalho um auxílio-desemprego único de 600 shekels (US$ 150)."Para os ilegais (10 mil aproximadamente) e o restante dos desempregados, vamos ver como fica", assinala Abdul Rauf Mahdi, secretário de Relações Internacionais do PGFTU, que distribui há vários dias os carnês de desemprego."A Palestina não dispõe de um sistema de seguro-desemprego", explicou este dirigente, assinalando que o carnê também dá direito a uma assistência médica gratuita.Na fila de desempregados que comparecem diariamente à sede do sindicato, um engenheiro manifesta seu abatimento quando passa em frente da obra onde trabalhava, uma estrada que atravessa a cidade de Gaza.
"Nunca pensei que chegaria um dia como este, nem sequer havia economizado", disse este engenheiro, que se manifesta de qualquer modo "disposto a comer pedras para conseguir a liberdade".A Autoridade Palestina decidiu reduzir de 6% para 20% os salários de novembro dos empregados do setor estatal.A quantia poupada servirá para criar um fundo especial para financiar os empregos, explica o PGTFU.

Jornal: Folha Online 13/11/2008

By: ANNA PAULA RIBAS

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